Visando promover reflexões sobre a importância da integração entre os espaços acadêmico, institucional e comunitário no cuidado em saúde, a Prefeitura de Manaus abriu, nesta quarta-feira, 5/6, o 1º “Seminário de Integração Ensino-Serviço-Comunidade: Diálogos que fortalecem a formação e a produção de cuidado em saúde na Amazônia”. O evento é coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), por meio da Escola de Saúde Pública (Esap Manaus).
A abertura ocorreu no auditório Martinho Lutero do Centro Universitário Luterano de Manaus (Ceulm/Ulbra), no bairro Japiim, zona Sul, onde a programação acontece até a sexta-feira, 7/6, abrangendo conferências, mesas-redondas, minicursos, oficinas, mostra científica, exposições e apresentações culturais, além de espaços de divulgação de instituições de ensino. O evento tem transmissão ao vivo pelos canais da Semsa Manaus e da TV Rede Unida no Youtube.
Presente na solenidade, a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, assinalou a importância da inter-relação entre os órgãos da assistência básica, as instituições formativas dos profissionais de saúde e a comunidade, no sentido de garantir a prestação de serviços com foco nas necessidades da população.
“É necessária a integração entre comunidade, órgãos e instituições de ensino também para que a população conheça e tenha acesso efetivo aos serviços de saúde ofertados na rede pública. O seminário promove essas parcerias, essa conexão de pessoas que faz tudo acontecer”, afirmou.
A diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde da Esap, Ivamar Moreira, também coordenadora do seminário, destacou que as diretrizes curriculares na área da saúde aproximam cada vez mais os estudantes dos órgãos de saúde, tornando necessário um alinhamento em torno dos processos que abrangem a formação dos profissionais que irão atuar na rede de assistência.
“O seminário busca aproximar as instituições de saúde e de ensino em saúde com a comunidade, sendo também um espaço de reflexão sobre o processo de formação do profissional de saúde dentro do contexto amazônico, com nossas especificidades”, apontou Ivamar.
A coordenadora da Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública, Márcia Fausto, que irá participar de uma das mesas-redondas do evento, avaliou o seminário em Manaus como evento promissor e observou que o debate sobre integração entre ensino, serviço e comunidade, mesmo não sendo nova, continua sendo desafiadora e essencial. “Considerar a realidade dos territórios, de como as pessoas vivem e utilizam os serviços de saúde, é ponto de partida para se pensar os processos formativos dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS”.
Também participaram representantes de organizações indígenas, entre eles a cacica Kokama, Maria de Jesus Corrêa, também presidente da Associação Beneficente e Cultural da Amazônia (Abcam). “A saúde é muito importante para o meu povo, precisamos de uma saúde diferenciada para os povos indígenas. Hoje buscamos como exercer o direito do acesso à saúde”, afirmou.
Conferência e exibições
Após a abertura, o seminário seguiu com a conferência “Desafios para a educação e o trabalho em saúde: como ‘amazonizar’ pensamentos e práticas?”, tendo à frente o médico sanitarista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Emerson Elias Merhy, via teleconferência. De destacada atuação na saúde coletiva, ele foi um dos fundadores da Reforma Sanitária, essencial para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), nos anos 1980. A mediação foi do pesquisador da Fiocruz Amazônia, Júlio Cesar Schweickardt.
Além da conferência, o público do evento pôde conferir a exposição “Faces da Rua”, organizada por profissionais de saúde da Semsa Manaus. Contando com fotografias e pinturas, a exibição tem curadoria de Rosiel Mendonça e João Gustavo Kienen, da Faculdade de Artes (Faartes) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Por sua vez, os visitantes do Espaço Farmácia Viva puderam conhecer mais sobre o projeto do Ministério da Saúde, em implantação na Semsa, que visa a expansão do uso de plantas medicinais e de fitoterápicos na rede pública.
Mesas
O segundo dia do seminário, nesta quinta-feira, 6/6, inicia às 9h com a mesa-redonda “Desafios da integração Ensino-Serviço-Comunidade nos territórios da atenção primária à saúde na Amazônia”, reunindo representantes da Rede Unida, Ricardo Burg Ceccim; do Ministério da Saúde, Laerge Thadeu Cerqueira da Silva; e da Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública, Márcia Fausto. A diretora da Esap Manaus, Karina Cerquinho, fará a mediação da atividade.
Mais tarde, às 14h, profissionais da Semsa Manaus participam de duas mesas-redondas sobre a saúde indígena na Atenção Primária à Saúde (APS), enfocando o compartilhamento de experiências e o encontro de práticas e saberes em contexto intercultural. Participam das mesas, entre outros, o subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, Djalma Coelho, ao lado de Ivan Tukano e Carla Wisu, respectivos cofundador e administradora do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi.
Na sexta-feira, 7/6, às 9h, será a vez da mesa “Mudanças na formação em saúde e a integração com o SUS: onde estamos?”, com mediação da secretária Shádia Fraxe e a participação de representantes de instituições parceiras, a Rede Unida e as universidades Federal e do Estado do Amazonas (Ufam e UEA). Mais tarde, às 14h, ocorre a mesa “Residências em saúde: fortalecendo o encontro de práticas e saberes centrados em indivíduos, famílias e comunidades”.
A programação contará com três Comunicações Orais, a serem realizadas também na sexta-feira, 7/6, das 14h às 17h, em formato híbrido, presencial e on-line via Google Meet.
Oficinas e minicursos
Ainda na tarde do segundo dia acontecem as oficinas “Prioridades de pesquisas e extensão para a APS na Amazônia”, “Plano de Estágio Curricular para o curso de Medicina na APS: construindo caminhos para o cuidado de indivíduos, famílias e comunidades”, “Fortalecimento do estágio supervisionado em Serviço Social” e “Vivência de metodologias ativas na Residência em Medicina de Família e Comunidade: a preceptoria em foco”. Todas as atividades ocorrem das 14h às 17h.
O primeiro minicurso da agenda ocorre também na quinta-feira, das 13h30 às 17h30, com a tema “Aprendendo a Aprender: metodologias ativas para profissionais de saúde”. O segundo e último minicurso será na sexta, das 14h às 17h, enfocando “Educação Popular em Saúde”.
Seminário e Mostra Científica
A agenda do Seminário de Integração Ensino-Serviço-Comunidade terá outros dois encontros. Um deles é o Seminário Municipal de Transdisciplinaridade na Assistência Pré-Natal na Atenção Primária à Saúde, programado para a sexta-feira, das 14h às 17h. Em sua primeira edição, o evento traz como pautas a atuação transdisciplinar de profissionais na APS e o compartilhamento de saberes e práticas para um pré-natal acessível, integral e de qualidade.
Também na sexta-feira, no mesmo horário, acontece a 7ª Mostra de Pesquisa Científica, que visa promover a difusão do conhecimento e intercâmbio de experiências vividas nos cenários de práticas da Semsa. Pesquisadores de várias instituições de ensino superior vão apresentar resultados das produções científicas realizadas em unidades de saúde do município, em quatro áreas temáticas: Atenção Primária; Gestão e Processo em Saúde; Atenção Psicossocial e Vigilância Epidemiológica.
Atividades culturais e espaços
Além da exposição “Faces da rua”, que segue em cartaz nos demais dias do seminário, a programação cultural terá a mostra fotográfica “VER-SUS Amazônia: experiências da saúde nos territórios amazônicos”, coordenada pela servidora da Semsa, Eliane Nogueira Campos. A exibição será aberta à visitação do público na quinta-feira, seguindo em cartaz na sexta, no hall de entrada do Ceulm/Ulbra, sempre no horário das 13h às 18h.
O evento traz ainda um espaço de divulgação de organizações e instituições de ensino superior, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBFMC), Ulbra, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto de Educação Platinum – Ieptec Manaus e Faculdade Martha Falcão, além de organizações indígenas.
O “1º Seminário de Integração Ensino-Serviço-Comunidade: Diálogos que fortalecem a formação e a produção de cuidado em saúde na Amazônia” conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Rede Unida, Ulbra Manaus, SBMFC, Ufam, Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e UEA.